31 janeiro 2013

Insônia

Os latejos de minha cabeça incomodam a ponto de não me deixarem dormir.
A falta do teu abraço me impede de sonhar com a chuva, ou o vento, que insistem em partir.

Fim?

Se fez eterno
na multidão
Se fez silêncio
Se fez oposto

ao peito, aperto
ao feito, desfeito
à luz, escuridão.

30 janeiro 2013

Saudade


Fiquei triste porque não te vi, meu velho. Às vezes é tão ruim essa história de um não ver, outro não ouvir. E assim como não me veio sua presença, também não veio a chuva. De que adiantaria lhe trazer a chuva?
A chuva ficou só no cheiro. E no seu cheiro. Aquele que se mistura no meu, lembra? Tão gostoso... eu senti ele agora pouco.
Fiquei deitada na velha cama, te lembrando em pedaços de ‘aluzejo’, digo, azulejo. Que falta você me faz, meu velho. Sentindo o colchão abraçar meu corpo desgastado pelo tempo, ouvia o som que vinha do vento. Ouvia os gritos de uma criança de colo e a fúria de um cão enjaulado. Só não ouvia o som da sua voz, que antes, fazia com que meus pensamentos se acalmassem. Sua voz que às vezes não saía, e ainda assim eu escutava.
Ah, a voz..., que mesmo distante tinha essa capacidade de me acudir e acalentar. Ainda tem, eu sei disso.
Num sonho vivido pela gente, a gente era velho, novo, a gente era tempo, era conforto, era junto. Será que eu vou cuidar de você, meu velho? Será que a gente vai cuidar um do outro?

24 janeiro 2013

Tchau


Eu queria tanto dizer
mas não digo
ele também não diz.

Acho que não precisamos disso
nos entendemos assim.

19 janeiro 2013

Gotas


Minhas lágrimas contêm alguém
que eu quis que estivesse aqui
e não esteve
Contêm as dores e o medo
daquilo que eu não sabia
Contêm o grito que meu corpo silenciou
e mostrou a você
Contêm a falta, a raiva e o gemido
O pulo, a falha e o perdão
Contêm o que não se fez contido
Contém você e um não.

18 janeiro 2013

Escuta [3]

Escuta a mim, nem que  for o meu silêncio,
pois é nele que te digo poesia,
qu'eu encontro toda a minha calmaria
de uma música que não é mais cantada
sozinha.



Em parceria,
R. Batista
A. Stuck

14 janeiro 2013

Junto ao meu

Respirações compassadas
ao ritmo da chuva,
que nos rodeia e nos veste
em pingos de poemas d'água
Faz da pele molhada
fonte de saciedade
da sede que me toma
de seu corpo despido

Toque

O teu gingado
o teu balanço
a tua pele
o teu quadril...

...no meu

06 janeiro 2013

A Paris



Escrevi uma carta de adeus
uma carta que nunca entreguei
para uma pessoa que não mais vi
uma pessoa que não sei
se correu
ou se estava ali

Escrevi uma carta de adeus
retratei todo o mal que fiz
para os meus e os seus
muitos dias de desvarios

Escrevi aquela carta
e à mesa deixei sobreposta
apaguei cada palavra
e reescrevi outras novas

Não me lembro bem os trechos
apenas uma coisa eu escrevi
aquela carta falava
do dia no qual fugi