Fiquei triste
porque não te vi, meu velho. Às vezes é tão ruim essa história de um não ver, outro
não ouvir. E assim como não me veio sua presença, também não veio a chuva. De
que adiantaria lhe trazer a chuva?
A chuva
ficou só no cheiro. E no seu cheiro. Aquele que se mistura no meu, lembra? Tão gostoso...
eu senti ele agora pouco.
Fiquei deitada
na velha cama, te lembrando em pedaços de ‘aluzejo’, digo, azulejo. Que falta você
me faz, meu velho. Sentindo o colchão abraçar meu corpo desgastado pelo tempo,
ouvia o som que vinha do vento. Ouvia os gritos de uma criança de colo e a fúria
de um cão enjaulado. Só não ouvia o som da sua voz, que antes, fazia com que
meus pensamentos se acalmassem. Sua voz que às vezes não saía, e ainda assim eu
escutava.
Ah, a voz...,
que mesmo distante tinha essa capacidade de me acudir e acalentar. Ainda tem,
eu sei disso.
Num sonho
vivido pela gente, a gente era velho, novo, a gente era tempo, era conforto,
era junto. Será que eu vou cuidar de você, meu velho? Será que a gente vai
cuidar um do outro?
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