30 janeiro 2013

Saudade


Fiquei triste porque não te vi, meu velho. Às vezes é tão ruim essa história de um não ver, outro não ouvir. E assim como não me veio sua presença, também não veio a chuva. De que adiantaria lhe trazer a chuva?
A chuva ficou só no cheiro. E no seu cheiro. Aquele que se mistura no meu, lembra? Tão gostoso... eu senti ele agora pouco.
Fiquei deitada na velha cama, te lembrando em pedaços de ‘aluzejo’, digo, azulejo. Que falta você me faz, meu velho. Sentindo o colchão abraçar meu corpo desgastado pelo tempo, ouvia o som que vinha do vento. Ouvia os gritos de uma criança de colo e a fúria de um cão enjaulado. Só não ouvia o som da sua voz, que antes, fazia com que meus pensamentos se acalmassem. Sua voz que às vezes não saía, e ainda assim eu escutava.
Ah, a voz..., que mesmo distante tinha essa capacidade de me acudir e acalentar. Ainda tem, eu sei disso.
Num sonho vivido pela gente, a gente era velho, novo, a gente era tempo, era conforto, era junto. Será que eu vou cuidar de você, meu velho? Será que a gente vai cuidar um do outro?

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