16 dezembro 2010

Casa Comigo

"Casa comigo
Casa comigo que te faço a pessoa mais feliz do mundo
A mais linda, a mais amada, respeitada, cuidada,
A mais bem comida
E a pessoa mais namorada do mundo
E a mais casada
A mais festas , viagens, jantares
Casa comigo
Que te faço a pessoa mais realizada profissionalmente
E a mais grávida, e a mais mãe
E a pessoa mais as primeiras discussões
A pessoa mais novas brigas, e as discussões de sempre
Casa comigo
Que te faço a pessoa mais separada do mundo
A pessoa mais solitária com um filho pra criar de todas
A mais foi ao fundo do poço e dá a volta por cima
A mais conheceu uma nova pessoa
A mais se apaixonou novamente
Casa comigo
Que te faço a pessoa mais.. casa comigo que te faço a pessoa mais feliz do mundo"

Michel Melamed

Hálito mestiço

          Em futuro estudo a ser publicado em conceituada revista do meio científico, será comprovada não só a existência mas os índices alarmantes da incidência da cárie cerebral. o fenômeno, que atinge povos de todos os países, tem como uma das suas principais causas, como é de se esperar, os péssimos hábitos alimentares das populações, cultivados, principalmente, através do consumo de enlatados americanos, novelas açucaradas e toda a sorte de (conceitos) embutidos. a fim de evitar a extração do órgão sob risco de seqüelas irreversíveis, como por exemplo, o pensamento banguela, recomenda-se expressamente o uso continuo e correto do fio mental. e da escova de mentes. vamos juntos fazer do brasil um país de sorriso branco e preto e mulato e cafuzo e índio e... hálito mestiço!

Michel Melamed

30 novembro 2010

Se um dia...


Ah, se um dia eu parasse de falar...
Alguém leria num pedaço de papel:
"Cansei de falar à toa.
Talvez pelas bobagens
ou talvez por falar demais.
Cansei de falar e ninguém ouvir."

Para ler a gente tem que ficar mudo
e prestar atenção no pensamento.
Daquele dia em diante eu apenas escreveria,
só não sei se aguentaria,
mas pelo menos alguém iria me ouvir
de uma forma ou de outra. Talvez.

Ah, se um dia eu parasse de falar...
Falar das coisas absurdas que consigo distinguir
em meio a tanta confusão,
em meio a tanto exagero,
e tantos outros estilos apressados
e descompromissados de se andar.
Só não sei se conseguiria expressá-las
em palavras.
De forma harmoniosa e organizada acho que não.
Mas quem disse que a harmonia deve ser organizada?
Quem dita onde está a ordem?

Ah, se um dia eu parasse de falar...

09 junho 2010

O que somos?

Sou o estranho, o desajeitado.

Sou o que ninguém vê,

o que ninguém quer ver.

Sou o erro e a dúvida.

O talvez e o não saber.




20 abril 2010

Duração

Desculpe, não estou com tempo
Não tenho tempo para fazer nada
Consigo tempo para fazer tudo
Tempo?

Preciso da dimensão que me sufoca
A lua, a luz
O farol ofusca meu olhos
Desperto da ilusão
vendo que o tempo já passou
E eu, ainda estou aqui.


08 abril 2010

Poema invisível

Ali no canto
sentimentos vivos
a rodear uma folha de papel
que já não sabe por onde correr
tentando alcançá-los.

Sentimentos vivos
não se encaixam numa folha de papel.
Não se aprisionam
nem se dobram num envelope.

São vivos os sentimentos.
Não se tornam palavras.
Poema então, fez-se invisível
naquela folha de papel.


07 abril 2010

Mudanças

Mudanças acarretam em algum tipo de perda.
E fazem da gente um ser diferente.
Sem querermos ser
Sem ser querendo
Ser querendo ser
algo novo,
mudado.