Eu
tinha bastante medo de não poder enxergar. Depender duns óculos para poder ver passarinho
criar a casa, tartaruga emergir a cabeça d’água. Até que vieram umas pessoas amigas,
me apresentar uns dos bons caras que a gente gosta de ouvir. Dos quais a gente gosta
de falar também. Fiquei devotada a eles. Vez ou outra me davam café na hora de
acordar, ou me botavam sonho na cabeça antes de dormir. Andam me ensinando até
agora. O tal do Salvador me ajuda a olhar pela amplitude das coisas, em todas
as suas formas de ser. Manoel chega mostrando o que há nas entrelinhas, me diz
a olhar pro lado. Jorge Luis começa botando tudo de ponta cabeça, depois vai ligando
as mãos das ideias. De Assis, quando penso que será breve, prefere explicar bem
os detalhes; quando não penso, enfia todo pensamento numa palavra só e dá conta
de se fazer explicado. Simone mira seus olhos fortes e grita pra eu sair do
lugar. Marina também. Desde pequena Paulo me cala pra deixar a poesia se mostrar. Amado diz qual é a real. Outros também conversam comigo,
muitos. O medo de ter a vista embaçada vai passando...
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