10 março 2014

Morrer

      Houve um tempo no qual eu achei que deveria conhecer as pessoas, de novo. Ou elas me conhecerem de novo. Conhecerem o novo que virei sendo por estes anos. Ando vindo por aí... Quem sabe a gente não possa se reconhecer, todos em cada um. E conhecer de novo. Já que conhecer é também uma forma de olhar, olhar diferente então. E antes que o sol raiasse a gente estaria feliz por se ver. E antes que o céu pintasse a gente estaria pronto a nascer. Ou morrer. Mas morrer também é uma coisa que a gente inventou. Meu avô sempre disse E quando morrer não existisse... Achei que fosse por desconfiança do momento da passagem. Um amedrontamento pelo novo ou pelo desconhecido, talvez. Fiquei a pensar no dia em que quando morrer não existisse. E pensei torto. Só vi que o tinha pensado assim depois de conseguir enxergar a sua calda. Mas o torto também se avoa, cantou-me o passarinho. E bateu asas. Foi buscar o rango do meio dia. E o torto pensei de novo. Pensei-o e vi que estava a pensar diferente. Inclinei a cabeça para o lado, e vi que não era aquilo. O que era, é que eu deveria pensar no dia quando morrer não existisse. Não no que vem depois.



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