13 abril 2014

Leva

Despertei assim, meio de lado.
A comida da noite passada
bateu no estômago,
o resto dela que meu organismo não deu conta
de digerir, pelo menos.
Bateu na cabeça a ideia de ir
embora.
(...)
Não dei conta.
(...)
Pulei do leito e arranjei um jeito de mostrar os olhos,
do modo com o qual a maioria não pudesse entender
o que se passava aqui dentro.
Arranhei o jeito de olhar,
arranhei a dor e ela vazou um pouco mais.
Hoje
escorreu um pouco mais de dor, porque eu a arranhei.
Sai da casa, mas voltei logo.
A rua não queria companhia. A minha, não.
Voltei logo
pra notar que entraram no quintal. Um sujeito parado.
Estranho, acanhado.
‘Inda assim estava mais disposto que eu, em pé com estrutura rachada.
Deixei que levasse tudo de mim.
Pode levar, isso não tem dono, nem é meu, nem é seu. Leva.
E vai.
Deixei levar tudo. Pedi que pagasse algumas contas apenas.
Mas as contas eu quem tinha de pagar. Aceitou não!
Saiu de banda
levando o que eu deixei levar.
Eu fiquei com as contas...



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